9 de maio de 2009

A guerra dos Offices está apenas começando

Uma das minhas tarefas profissionais é estudar a viabilidade do OpenOffice nas empresas e como tornar a migração do MS-Office para o OpenOffice o menos traumática possível para o usuário. A idéia central é sempre conquistar o usuário para que ele perceba que as diferenças entre o MS-Office e o OpenOffice não compensam o preço de uma licença de R$1.000 por máquina e que o OpenOffice tem vantagens competitivas muito interessantes.

Nos últimos três meses, diversas notícias tem me chamado a atenção e comprovam que a guerra dos Offices está apenas começando e achei interessante compartilhar este recorte com a comunidade.

A primeira é uma notícia antiga mas só agora pude testá-la: foi a implementação do Vero - que é o verificador ortográfico do BrOffice (versão OpenOffice brasileira). O Vero já incorpora o acordo ortográfico da língua portuguesa e está azeitado - funcionou muito bem comigo. Enquanto isso, a Microsoft já declarou que só lançará uma versão do corretor com a nova norma em 2011!!!

Por conta disso, tenho um cliente que já baixou uma norma na empresa que qualquer documento externo deve ser corrigido pelo OpenOffice antes de ser enviado para os clientes. Ou seja, apesar de grande parte da empresa ainda utilizar MS-Office, eles estão incorporando o OpenOffice na rotina diária da empresa e os poucos micros que ainda não tinham OpenOffice, tiveram a suite instalada. Se você quer aprender a instalar o corretor, veja aqui

O que os usuários podem começar a pensar? Por que eu vou usar o MS-Office se eu posso utilizar direto o OpenOffice?

Uma outra grande vantagem de se utilizar o OpenOffice: ele abre arquivos no formato DOCX e XLSX! Aí você pode indagar: ué, o MS-Office obviamente também faz isso!!! Eu vou responder: não caro amigo! Somente o MS-Office 2007 faz isso. Se o parque de computadores da sua empresa for heterogêneo, com várias versões do MS-Office, as versões mais antigas não conseguirão abrir!

Me diga se isso já não acontece na sua empresa: um usuário recebe uma planilha em XLSX via email e tem que pedir para o amigo do lado converter ou então pedir ao fornecedor que envie no formato XLS. É uma perda de tempo, concorda ? Enfim, é uma torre de Babel!!

Dicas de como solucionar este problema:

Solução 1: Utilize o OpenOffice 3! Ele abre todos os tipos de arquivo: ODS (nativo do OpenOffice), XLS (versões anteriores do MS-Office) e XLSX (Somente MS-Office 2007). Essa é mais uma razão que faz com que os departamentos de TI estejam se movimentando para instalar o OpenOffice em conjunto com o MS-Office.

Solução 2: Faça o upgrade de todas as máquinas. Dê essa sugestão para o seu chefe ou para o financeiro da sua empresa, eles vão adorar :)

Solução 3: Aplicar o novo patch da Microsoft para ler XLSX através do MS-Office 2003. Por conta da reclamação dos usuários e da solução OpenOffice, Redmont foi obrigado a lançar um patch para que este pudesse ler os novos formatos. Na verdade, ela relutou muito em lançar este patch pois queria, como sempre, forçar o upgrade para versão 2007. Como as empresas não estavam fazendo o upgrade, ainda mais por conta da crise, ela teve que lançar o patch...

Penúltima notícia do front: a Microsoft lançou um patch para que o ODF pudesse ser lido! Ou seja, apesar da alegação constante de que somente uns gatos pingados usam OpenOffice, eles tiveram que lançar o patch. É um sinal que tem muita gente reclamando, concordam?

Mas eles não iriam capitular assim tão fácil: o que parecia ser uma solução para usuários, se tornou mais um capítulo para esta guerra. Os conversores para ODF vieram com defeito e a Microsoft não quer consertar. Não se pode garantir essa conclusão, mas não fica parecendo que eles lançaram o patch apenas para denegrir a imagem do ODF, lançando a idéia de que ele é instável... É a velha tática FUD tão utilizada pela Microsoft.

Como eu disse no título: a guerra está apenas no início e como em toda guerra, as primeiras baixas são sempre a verdade e os inocentes usuários...

Links:
Como instalar o BrOffice
Como instalar o Vero

17 comentários:

Anônimo disse...

Só uma correção, existe um pacote de compatibilidade para o Microsoft Office 2003 que adiciona suporte para a abertura de arquivos no formato OpenXML (formato usado pelo Microsoft Office 2007). Não posso confirmar se este pacote adiciona o suporte a criação neste formato, mas a documentação no portal da Microsoft deve confirmar isso rapidamente.

Anônimo disse...

OpenOffice nem morto. É lento, tem uma interface horrível e não tem nem a metade dos recursos que o MS Office tem e que seus usuários em empresa ou domésticos exigem.

REINALDO DE OLIVEIRA PEREIRA disse...

É uma pena que um post como este há 6 dias no ar não tenha ganho a devida notoriedade. Se não fosse o brlinux e o belo trabalho de Augusto Campo eu mesmo não tomaria conhecimento desta pérola.

Sou contador e possuo diversos clientes e entre eles há organizações filantrópicas e vejo que empresas ainda teimam em usar cópias pirata do MS OFFICE e sequer ouviram falara do OpenOffice. Será que só no Brasil é assim? Gostaria de saber como anda o openoffice no mundo, principalmente nos países ricos e os "emergentes" como China, India, Russia, Mexico e Africa do Sul.

No meu próprio escritório já descobri as VANTAGENS do openoffice, que, dentre outras coisas possui a maravilhosa ferramenta de Edição de arquivos em formato PDF, além de um conversor nativo, dentre outras coisas.

Aos poucos estou tentando convencer as empresas e pessoas que conheço a adotar esta ferramenta e este artigo vai ser mais uma arma de que irei, com certeza, dispor.

Orakio "O Gagá" Rob disse...

Muito bons os comentários. E não sabia do problema com o filtro para ODF, que pilantragem!

ribafs disse...

Cara, admiro os caras que trabalham diretamente com o software livro.
Parabéns.

Tarcísio disse...

Também estamos fazendo isto na empresa onde trabalho, usando o BrOffice para abrir documentos docx.

É uma boa oportunidade para os usuários conhecerem o BrOffice, nada como a necessidade para motivar mudanças.

Josir Gomes disse...

Olá Antonio, esse pacote de compatibilidade é justamente a solução 3 que eu citei no post. O problema é que eles demoraram mais de 1 ano para soltar este pacote justamente para forçar o pessoal a fazer o upgrade.

Anônimo disse...

Josir, tens razão, li um tanto desatento e acabei não percebendo, quando você comentou fiz a releitura do texto.

Quanto ao comentário sobre a velocidade do OpenOffice, hoje em suas novas versões ele já está muito melhor, e quanto a interface, é mais uma questão de costume, mas ela não é ruim, muito pelo contrário.

Claro, nós usamos o que nos convém e eu utilizo o software que melhor se adéqua as minhas necessidades, mas para uma empresa esta necessidade está também na economia e ela não vai simplesmente pagar muito mais caro por um simples costume de seus funcionários. Mas para isso é preciso que ela descubra as possibilidades além do mundo Microsoft.

Tenho ótimas experiencias em implementações do OpenOffice em empresas, tanto as que já utilização a solução da Microsoft, sejam estas desatualizadas ou piratas, quanto as que implamtarão ele (OpenOffice) do zero.

Vanildo Figueiredo disse...

Respondendo o comentário do anônimo de que o OO é muito lento, o Open Office não é lento, alias é muito mais rápido do que o MS-Office, para isso é só ir em Ferramenta->Opções->Memória->Memória por objeto coloque 20,0, em Remover da memória após, coloque 10:10, tudo já basta para que no próxima vez que você abrir o Open Office, o mesmo já está muito mais rápido que o MS Office.. ps.: os valore acima poderão ser maiores de acordo com a sua disponibilidade de memoria RAM..

Façam isso e testem..

Unknown disse...

O seu texto é um FUD Reverso, pois:

- O MS Office não custa R$1000.
Eu, por exemplo, paguei R$66 por cada licença (R$199 no total). Home & Student.
A única diferença é que ele não possui o Access.
Licenças OEM corporativas podem ser ainda mais baratas.

- Quanto ao OOo abrir arquivos do MS Office e OOXML... Ele pode até abrir, mas em documentos complexos você perderá muita formatação, equações, macros, etc.
Ou seja, abrir ele abre... Mas manipular corretamente é outra história.

Eu sou usuário de Linux. Tenho 3 laptops com Debian, 1 Desktop com Debian e outro Desktop com Win XP.

Não adianta falar que o ODF é ISO/IEC/ABNT 26300. Quem dita as regras são os usuários e empresas, e o formato padrão nesse caso é da Microsoft.

Eu trabalho com grandes empresas, nacionais e internacionais, e em diversos casos o uso do MS Office se fez necessário para manipular alguns arquivos.

Documentos simples, como cartinhas, planilhinhas com soma e subtração, e coisas do tipo, podem ser abertas sem problema no OOo, mas documentos complexos... Pode esquecer, pois é dor de cabeça na certa.

Att,
Renato S. Yamane

Josir Gomes disse...

Olá Renato,

Sobre Home/Student: uma empresa não pode ter licenças home/student. Usar esta versão em uma empresa, é o mesmo que comprar no camelô da esquina.

Sobre documentos complexos: concordo com vc, a formatação se perde e por isso alguns usuários preferem manter o arquivo no formato ODF nestes casos.

Sobre macros: é a minha especialidade - realmente a incompatibilidade é quase total. Estou justamente escrevendo um livro sobre isso.

Grandes empresas: continuarão a utilizar o Office com certeza pois o custo baixa muito para os chamados "site-licence". Mas este não é o meu universo - trabalho apenas com PMEs.

FUD: O Fud do Fud do Fud não é FUD ? :)
Acho que não existe FUD reverso - FUD é uma tática contra um conceito ou produto. Independente de ser contra Microsoft ou Linux, concorda ?

Unknown disse...

Sobre o Home & Student, eu sei que ele não deve ser utilizado nas empresas.

Porém como você disse que o Ms Office é vendio por mais de R$1.000,00 eu apenas citei que o preço não é esse.

Para usuários domésticos, a versão Home & Student lhe custará míseros R$66 (R$199 por 3 licenças).

Para usuários corporativos, as versões OEM podem ter um preço tão bom quanto esse.

Sobre os documentos complexos: Como que eu vou mante-los em ODF se eu recebi no formato proprietário?
Se eu abri-lo no OOo eu perderei toda a formatação, macros, fórmulas, etc.

A solução seria refazer o documento?
Pode até ser, porém é muito mais vantajoso e ECONÔMICO pagar R$66 e sempre abrir os documentos corretamente, do que não pagar NADA pela suíte de escritório e ter que PERDER TEMPO refazendo todo e qualquer documento que eu receber no formato proprietário.

Quanto ao termo "FUD Reverso", eu tentei dizer que o FUD geralmente é utilizado pela Microsoft para amedrontar usuários de Soft. Livre, porém nesse caso você fez a mesma coisa com a Microsoft.

O dia que o OOo for totalmente compatível com o MS Office, aí sim ele poderá ser uma alternativa... Do contrário, ele apenas faz um mix de arquivos dentro das empresas, deixando documentos totalmente bagunçados.

Att,
Renato
P.S. Eu utilizo o OOo na MINHA MÁQUINA, porém não recomendo a utilização dele no ambiente corporativo onde temos usuários que não possuem conhecimento adequado para refazer os documentos quando encontrar alguma incompatibilidade.

José Antonio Rocha disse...

MS Office nem morto. Tem uma interface horrível, que muda a cada nova versão, e toneladas de recursos desnecessários que seus usuários em empresa ou domésticos não precisam. E o OpenOffice/BrOffice tem outros recursos muito úteis que o MS Office não tem, como cálculos em células de tabelas no editor de texto.

Josir Gomes disse...

Olá Renato: vamos focar em preço para não termos o FUD do FUD novamente.

Vc está falando de casa ou de empresa?

Eu estou falando exclusivamente de empresas assim esse papo de R$66 não cola, ok?

Pois bem, para EMPRESAS, você tem a opção de comprar o Office Basic (Excel e Word apenas, sem Powerpoint e Access) por R$600,00.

Se você conseguir preço melhor me passe o telefone do fornecedor URGENTEMENTE!

Unknown disse...

@Meira, como eu disse anteriormente, para fazer o básico o OOo pode ser utilizado sem problemas, porém para uso profissional, a coisa muda.

Quanto a interface, depois que você se acostuma, nota-se que ela é extremamente PRÁTICA.

@Josir, na Dell você consegue comprar por R$350 (versão Basic), sem o PowerPoint e Access.

Converse com o seu consultor de vendas e é bem provável que você consiga um preço ainda menor.

O Powerpoint é necessário apenas para os Gerentes.
Já o Access (assim como o OOo Base)... Ninguém precisa dele. Para banco de dados utiliza-se MySQL ou Postgree.

Att,
Renato S. Yamane

Unknown disse...

Só mais um detalhe...
Você disse:
"...Os conversores para ODF vieram com defeito e a Microsoft não quer consertar..."

O defeito está na especificação do ODF 1.1, que a Microsoft seguiu à risca, pois é essa a especificação documentada na ISO/IEC/NBR 26300.

Esse bug só foi corrigido na especificação 1.2, que ainda NÃO ESTÁ APROVADA.

Você está sendo MUITO TENDENCIOSO nas suas afirmações, e não está lendo as suas fontes na íntegra.

Att,
Renato S. Yamane

Fabio Portela disse...

Também penso que a guerra está apenas começando, mas, é uma guerra sem motivo.

É fato que o processo histórico do Office da Microsoft e sua intensa campanha publicitária o torna predileto entre os usuários de todos os tipos, sejam domésticos ou corporativos. Talvez os usuários acostumados aos sistemas da Microsoft simplesmente sejam resistentes a mudanças?

Defendo a ideia de que não se deve assemelhar um programa ou sistema com outro tornando-os concorrentes, mas, torná-los únicos, cada qual com suas características e funcionalidades, tomando o usuário a sua decisão por qual utilizar. Torna-se um "pecado informático" algumas distribuições Linux que tentam copiar a "cara" do Windows na tentativa de facilitar a migração do usuário. Penso que deveria ser como a propaganda da operadora de telefonia celular Oi: "NA OI VOCÊ FICA PORQUE GOSTA, NÃO PORQUE É OBRIGADO".

Fazendo uma analogia histórica entre a informática e a religião, a igreja católica, primaz em sua seara, assim como o Windows na sua, perde adeptos até os dias de hoje para as outras religiões, sem que estas se mascarem com a face da primeira. Isto já está acontecendo na informática com o sistema Linux. Diversos já são os seus adeptos simplesmente por opção de escolha, independente de "cara" ou propaganda (sou exemplo disto).

O OpenOffice/BrOffice não deveria ser rotulado como uma alternativa ao MsOffice para sua substituição, mas, deveria ser optado como ferramenta primaz, adaptando-se o usuário à sua interface e funções como são, e não como deveriam ser conforme tal programa (MsOffice) já existente. Seria como um recomeço. Se hoje sua profissão é advogado e decide mudar para médico, houve, em sua decisão, algum assemelhamento entre as profissões?

O uso Linux é tão acessível quanto o do Windows. Possui tantas funções quanto o Windows. Possui tantos problemas quanto o Windows. Possui tantas qualidades quanto o Windows. Então, por que assemelhá-los tornando-os concorrentes?

Pessoalmente, ao optar pelo uso do Linux, sei que estou dentro de um mundo ainda "microsoftiano" e que enfrentarei problemas de compatibilidade com documentos e principalmente com periféricos, mas todo recomeço é difícil, porém, adaptável.