10 de setembro de 2014

Reserva de Mercado 2.0

Uma nova lei acaba de ser promulgada que vai mexer muito com o mercado de Cloud Computing. No mês de agosto de 2014 foi publicado o Ato Declaratório Interpretativo (ADI) RFB 07/14 sobre as incidências tributárias aplicadas sobre as contratações de infraestrutura no exterior para armazenamento e processamento de dados para acesso remoto, ou seja, na contratação de Data Centers no exterior. De acordo com o Ato, serviços de Data Center no exterior, passarão a ser tributados em 34.25%. Some-se a isso os 5% devidos aos Municípios a título de ISS conforme tabela abaixo. Este recolhimento e repasse deverá ser feito pela empresa ou pessoa física que CONTRATA o serviço.

Assim, se você hoje contrata um servidor CLOUD na Amazon, Microsoft Azure, Google Apps, Digital Ocean e tantos outros provedores, você terá que pagar um DARF com uma aliquota de 34,25% sobre o valor pago ao provedor!

Com esse aumento, o custo total de contratação de Servidores Clouds pode ficar mais caro que os praticados aqui no Brasil.

Vamos a um exemplo: hoje se paga R$150,00 em média por um servidor low-end da Locaweb ou Mandic. O mesmo servidor na Amazon custa R$80,00. E o mesmo servidor na Digital Ocean sai por R$45,00. Ou seja, se considerarmos a aliquota de 39%, um servidor da Amazon AINDA sairá mais barato que o similar nacional.

Ou seja, mesmo com o aumento, ainda fica mais vantajoso. Entretanto não tenho experiência com a cotação de servidores mais "parrudos", ou então de servidores que tenham outros serviços disponíveis tais como acesso ao S3, Load Balancing, Proxy Reverso, etc.

Quem ganha imediatamente com a nova lei:

como sempre, o Estado que passa a arrecada mais. :/


Quem PODE ganhar com a nova lei: 

  • os provedores nacionais CASO as empresas prefiram migrar seus servidores para Data Centers nacionais. A Mandic, por exemplo, já enviou emails para todos os clientes e ex-clientes informando sobre a nova lei, quase como dizendo, migre para nós que é mais seguro....
  • E caso essa tendência se confirme, os profissionais de Infra-estrutura também serão beneficados pois as ofertas de emprego crescerão sensivelmente com o aumento da demanda.


Quem perde com isso: 

  • os desenvolvedores de software e clientes que terão que pagar pelo menos 35% mais caro pelo serviço!!
  • a produtividade das empresas nacionais pois muitos serviços tais como Azure, Google Apps não tem similar nacional. E isso aumentará a barreira de entrada para quem está iniciando o uso de Cloud Computing principalmente para estruturas não-triviais de balanceamento que necessitam de várias VMs.
  • Teremos mais um imposto, mais uma burocracia, mais lançamentos contábeis que em NADA agregam para o negócio!

Ficam no ar (e não na nuvem) as seguintes questões:

  • Como será feita a cobrança ? O próprio contribuinte terá que calcular sobre o valor pago a terceiros ? 
  • Data Centers no Brasil (tal como Amazon) mas que são pagos via cartão de crédito internacional também entram nessa aliquota de imposto ?
  • E o mais importante: um serviço online tal como Dropbox, Microsoft Azure, Google Apps e Amazon S3 entram nessa conta ? Pois você não está contratando um Data Center e sim um serviço online. Se as empresa contratadas utilizam um Data Center para prover este serviço, aí já não é um problema seu! Em contra partida, se seguirmos nessa linha, uma VM é uma máquina virtual e não um aluguel de Data Center, não é ?

Para ler a lei integralmente, clique aqui


7 de agosto de 2012

O Mestre apertador de parafusos

Atualmente, trabalho remotamente com vários desenvolvedores em vários pontos do Brasil. É uma experiência muito rica pois, mesmo estando todos no Brasil, trato com pessoas com culturas, gírias e comportamentos distintos.

Todos são ótimos profissionais do ponto de vista técnico, mas muitas vezes um tanto inocentes em relação ao trato com o dinheiro e com o valor do próprio trabalho. Um dos pontos que mais me incomoda é quando peço uma tarefa e o desenvolvedor diz que não irá colocar aquela tarefa em sua planilha de horas por tê-la feito muito rápido.

E para eles gosto sempre de contar a fábula do "Mestre apertador de parafusos":
Um navio chegou em um porto distante e estava com um problema no motor. Chamaram um mestre que trabalhava há muito tempo no porto para fazer o orçamento e ele cobrou 10.000,00 para consertar o motor. 
Como era perigoso sair do porto com o problema no motor, o capitão do navio aceitou o orçamento, mas foi acompanhá-lo no serviço. 
O sujeito entrou no navio, analisou o problema, pegou uma chave de fenda e apertou 2 parafusos. O motor na mesma hora passou a funcionar corretamente. 
O capitão chegou e falou: você vai me cobrar 10.000 por ter apertado 2 parafusos???
O técnico então falou: não senhor! Para apertar os parafusos, eu cobro apenas R$1,00!! Estou cobrando 9,999,00 pelo meu conhecimento de saber QUAIS parafusos eu preciso apertar!!
Ou seja, temos que saber mensurar o valor correto do nosso trabalho, não só em termos de horas trabalhadas, mas também no valor que o trabalho representa em termos do conhecimento empregado. Muitas vezes, um atributo novo em um CSS agrega muito mais valor do que 100 linhas de código!

Enfim, fico sempre atento para nunca fazer o papel do capitão do navio que não reconhece o trabalho de quem lhe conserta o navio. O reconhecimento do trabalho de uma pessoa tem um valor inestimável principalmente quando o reconhecimento vem dos seus pares. É fundamental que o gestor ou coordenador de projetos fique sempre atento a essa questão.

Para completar: em meus 25 anos de experiência profissional, consegui identificar 3 tipos de capitães em relação ao reconhecimento de seus marujos: o atento, o distraído e o ganancioso. O atento é o que busca reconhecer os esforços de sua equipe e a retribui tanto em forma de elogios, mas também financeiramente. O ganancioso é o que sabe que sua equipe é boa, mas não a reconhece publicamente por inúmeros fatores espúrios.

Contudo, a maior parte deles se encaixa na categoria dos distraídos: estão tão entretidos em suas tarefas diárias que não conseguem perceber/divulgar o mérito de sua equipe. E dentro dessa categoria, tem muito capitão de navio que não reconhece o trabalho alheio por ignorância, ou seja, por não perceber que aquele trabalho tem um valor agregado que não se contabiliza no número de parafusos apertados. 

Nestes casos, cabe ao mestre, ao artesão, ao técnico, nós, desenvolvedores de software, engenheiros, etc mostrar o valor de nosso trabalho. Passar a odiar o capitão não vai resolver o seu problema. Tente se colocar no lugar dele pois mutas vezes ele só está precisando que lhe abram os olhos!

Boa semana a todos!

3 de junho de 2011

Compatibilidade de MP3/MP4 com Linux e Ubuntu

Eu tenho 3 filhos adolescentes. Todos os 3 usam Ubuntu já que este é o único sistema que eles tem em casa. Usam sem muitos problemas, fazem seus trabalhos de escola, acessam Internet, ficam no bate-papo e baixam suas músicas via torrent.

Apesar das meninas reclamarem que o MSN não fica igual a das amigas, usam e já se acostumaram com os recursos que o Linux oferece. Meu filho já joga Cube Assault em rede com os amigos e me ganha sempre.

Entretanto na hora de usar MP3, sempre surge um problema. Até o Suffle 2nd gen (aquele quase quadradinho com o botão), o Rythmbox e o Banshee sempre funcionaram. Entretanto a partir do 3rd gen (o mais fininho sem nenhum botão), eles paráram de funcionar.

Quando o 3rd gen pifou, eu pensei: vou procurar um que seja compatível com Linux! A primeira tentativa foi um xingling parecido com o 2nd gen. Eu já tinha visto ele funcionando bem no Linux e como era R$45,00, não duvidei.

Comprei no Mercado Livre e logo ao abrir, vi uma mensagem do vendedor: para que ele funcionasse "só podia ficar 1h carregando". Coloquei ele para funcionar de primeira, copiei as músicas, uma pechincha! Qualifiquei o vendedor positivamente e...

No segundo dia de uso, eu deixei ele carregando e quando fui usar de novo, adivinhem: ele pifou!!! Não dá mais sinal de vida. Ou seja, estratégia brilhante do vendedor: quem é que vai lembra de tirar o Mp3 da USB com 1h de carga?

Ninguém. Assim quando ele pifar, eu tenho o argumento: eu avisei que só podia ficar 1h. Deixou mais tempo, o problema é seu.

Enfim, depois do prejuizo de R$45,00 fui experimentar algo melhor que o xing-ling. Comprei assim um Mp4 Philips GoGear 4Gb (Modelo SA2VBE) por R$175,00 pois tinham uns relatos na Internet de que ele funcionava bem no Linux apesar da especificação (como sempre) só indicar compatibilidade com Windows.

Pluguei ele no USB e o Ubuntu 10.10 reconheceu de primeira. Fui então no Rythmbox e.. nada. Ele não achou o dispositivo. Fui então para a Internet e achei a solução em uma lista italiana:

Na raiz do dispositivo, crie o arquivo: .is_audio_player com o conteúdo:

audio_folders=Music/
output_formats=audio/mpeg,audio/flac,audio/x-ms-wma,audio/mp4,audio/audible
input_formats=audio/mpeg,audio/flac,audio/x-ms-wma,audio/mp4,audio/audible
folder_depth=1
playlist_path=PLAYLISTS/%File
playlist_format=audio/x-iriver-pla
E voilá, você conseguirá copiar suas músicas utilizando o Rythmbox ou Banshee.

Como ninguém é perfeito, ele não reconhece os formatos ogg nem m4a


Minha recomendação: antes de comprar um MP3/MP4, dá uma olhada nessa lista de compatíveis.   que está sendo construída com aparelhos que funcionam no Linux.

Enfim, posso dizer que agora sou um usuário feliz Philips, livre do jugo da Apple, com um MP4 com rádio FM, gravador, etc.

5 de maio de 2011

Como se ganha dinheiro com software livre?

Para quem sempre se pergunta: como esses geeks ganham dinheiro com software livre ?

Eles ganham dinheiro quando empresários ou orgãos governamentais percebem que podem economizar muito dinheiro substituindo seus sistemas legados por sistemas baseados em software livre.

Quando estas empresas não tem pessoal com experiência no assunto ou quando a substituição é muito grande e não pode ser feita exclusivamente pelos funcionários da empresa, contrata-se uma consultoria especializada em software livre.

Consigo ver 4 tipos de serviços que estão sendo prestados no Brasil: 

Treinamento do pessoal de TI: é contratado quando a equipe de TI ainda não tem muita experiência com Linux ou quer resolver rapidamente um problema específico. Geralmente é feita durante a migração seus sistemas para ferramentas baseadas em software livre. Não só servidores Linux com Samba/LDAP mas também na implantação de outros serviços como banco de dados, wikis, intranets, etc.

Tem um serviço específico que promete se difundir muito que é a consultoria online onde uma empresa tira dúvidas específicas sobre uma ferramenta ou linguagem. Estou usando por exemplo o Alatazan para dúvidas em Python e Django e estou muito, muito satisfeito!


Treinamento do Usuário Final: necessário quando a empresa está em processo de migração do OpenOffice/LibreOffice. Tem muita gente ganhando dinheiro com isso e o mercado está muito aquecido. Imaginem treinar todos os usuários do Banco do Brasil ou de tantas outras empresas que estão migrando seus pacotes de escritório ?

A concorrência nessa área está muito grande. Haja visto o recente racha da "ONG" do BrOffice que foi desfeita, entre outros motivos, por conta dos serviços de treinamento.


Treinamento para Concursos: os professores de concursos públicos estão tendo que se virar para montar novos materiais para BrOffice e Linux. Os recentes concursos da Dataprev, BB e Serpro já estão pedindo explicitamente BrOffice e Linux nas provas. No Curso Radix, do qual sou sócio, o professor de Informática Renato da Costa é fera em Linux e BrOffice.

Implantação de Sistemas: aqui se pode ganhar MUITO dinheiro. Geralmente são as grandes empresas, tais como IBM, Canonical e Red Hat, são as contratadas para este tipo de serviço mas dá para ganhar dinheiro também nas micro e pequenas empresas que estão fartas de perderem tempo (e dinheiro) com vírus, antivírus e afins.

Exemplo: http://www.canonical.com/content/lvm-convert-10000-corporate-desktops-ubuntu-services-canonical

O mais interessante é que, a medida em que mais empresas forem utilizando esses serviços, mais profissionais estarão investindo em teste, desenvolvimento e documentação destas ferramentas e isso trará maior qualidade ainda a todos os sistemas baseados em software livre e mais pessoas passarão a se interessar por estas ferramentas.

22 de fevereiro de 2010

A arte moderna e o software livre

Hoje o BrOffice alcançou a marca de 5 milhões de downloads. Esta seguindo a mesma curva de crescimento do Firefox. Começa devagarinho, as pessoas vão aprendendo, vão se dando conta dos benefícios e aí começamos a quebrar os pés dos gigantes.

Ou resumindo em um poema:

“Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh Pireneus! Ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!”
Mário de Andrade, 1935

O cara realmente era um visionário. Ele não imaginava que iria existir software, muito menos software livre mas com certeza já imaginava que os homens iriam se unir em torno do bem comum e que iriamos desprezar quaisquer deuses construídos para nos intimidar.

Inspirado no Blog http://www.trezentos.blog.br/

Quem quiser o poema na integra, aqui está

Saúde e Liberdade!

16 de dezembro de 2009

O conto do pendrive Kingston falsificado

Perdi a vergonha e resolvi contar a todos o que me ocorreu semana passada. Estava eu passeando na Rua do Catete quando vi um camelô vendendo pendrive de 32Gb. Preço: 50 reais!! Uma barganha já que um pendrive com esta capacidade está custando entre R$100 e R$150,00.

Parei, olhei se a embalagem estava fechadinha, se tinha os logotipos e nomes iguais, etc. Fiquei receoso por conta do preço baixo mas não resisti: coloquei a mão no bolso e fechei negócio. Bobo, ainda perguntei para o camelô como ele conseguia um preço assim tão bom. Ele respondeu: "eu dou o meu jeito"...

Cheguei no escritório, abri a embalagem, coloquei o pendrive no Ubuntu e abri o GParted. Ele mostrou que não estava formatado mas reconheceu os 32Gb! Abri um sorriso e pensei: fiz um ótimo negócio.

Formatei primeiro em FAT32 e ele não reclamou. Depois reformatei em NTFS e copie um vídeo de 7Gb. Aí já começei a ficar preocupado pois a velocidade de gravação era bem menor do que eu estava acostumado. Pensei logo, por isso é mais barato! Deve ser uma versão mais antiga e talvez nem seja USB 2.0.

Ejetei o pendrive e coloquei em outro micro. Tremi! O pendrive estava vazio, nem formatado estava. Coloquei no meu micro e deu no mesmo. Sem arquivo, sem partição, só decepção.
Nessa hora, o pessoal que trabalha comigo já começou a rir e me zoar. Quem diria: o Josir, informático de longa data, cair nessa. Que vergonha!!!!!

Realmente dando uma olhada na Net, vi que existem relatos mundo a fora falando deste pendrive falso e que geralmente o original vem com um número de série na base da entrada USB enquanto que o falsificado não. Percebi também que o pendrive não estava abrindo nem fechando da mesma forma que outros Kingstons.

Enfim, achei importante deixar registrado aqui para que os incautos como eu não percam 50 pratas. Pior foi o cara que antes de mim, tinha comprado 4 do mesmo camelô. Esse deve estar se rasgando :))

12 de dezembro de 2009

Novo patch da Microsoft bagunça OLE Automation

Quem utiliza o OLE Automation com o Word está enfrentando um erro bravo ao aplicar o patches de atualização de Dezembro do MS-Office. Após a instalação do patch, qualquer aplicação que utilize OLE Automation recebe a mensagem de erro "O Word não pode iniciar o conversor MSWRD632.WPC"

Se você fizer uma busca rápida no Google, verá que a solução inicial dada pela Microsoft é ridícula: "Utilize o Word Viewer 2007" ao invés de utilizar o Word. Traduzindo: utilize o DOC apenas para leitura e se quiser alterá-lo, pare de usar o documento no formato DOC e passe a usar o DOCX. Ponto Final. Simples, não é?

Ou seja, a solução que eles oferecem é abandonar o formato DOC e deixar todas as máquinas que não tem Office 2007 sem acesso ao arquivo... Em uma instalação com 200 máquinas com Offices distintos, imaginem o transtorno!

Graças a Deus que eu já converti a grande maioria dos OLEs do Word/Excel para OpenOffice. A conversão foi justamente para evitar este tipo de problema!!

Felizmente, a correção da bagunça é simples. Tem-se que inserir uma nova chave no registro do Windows (funciona no XP, 2000, Vista e Windows 7).

Montei 2 tutoriais: um para profissionais de TI experientes e outra para usuários leigos ou com pouca experiência com o Registro do Windows.

Para os profissionais:

Para Windows 32 bits:

HKEY_LOCAL_MACHINE\Software\Microsoft\Windows\CurrentVersion\Applets\Wordpad

Para Windows 64 bits:

HKEY_LOCAL_MACHINE\Software\Wow6432Node\microsoft\Windows\CurrentVersion\Applets\Wordpad

Caso a chave Wordpad não exista, crie a nova chave.

Em seguida, crie uma variável DWORD com a seguinte chave: AllowConversion com o valor 1

Para quem não tem muita intimidade como o REGEDIT, segue o passo a passo:

1) Vá em Iniciar / Executar e digite REGEDIT. Navegue na árvore até achar a chave

HKEY_LOCAL_MACHINE\Software\Microsoft\Windows\CurrentVersion\Applets\

2) Clique no item Applet. Dê clique-direita e escolha a opção do menu Novo / Chave. Escreva Wordpad.

3) Clique no item Wordpad recém criado, dê clique-direita e e escolha Novo / Valor DWORD

4) Digite AllowConversion no nome da variável e pressione ENTER.

5) Clique-Direita no AllowConversion, e escolha a opção Modificar.

6) Digite no campo de valor o número 1 e clique no botão Ok

Fonte: Blog do Technet