28 de maio de 2009

Implantação de software livre mundo a fora

Semana passada, uma ótima notícia quase passou despercebida pelo mundo do software livre. Foi empossado como Diretor de TI do Banco do Brasil, o funcionário de carreira José Francisco Alvarez Raya e a Sra.Maria da Glória Guimarães, antiga diretora, irá provavelmente para o Nossa Caixa.

Porque essa é uma ótima notícia : porque ambos são grandes incentivadores do software livre e provavelmente vão continuar a modernização do parque do BB. Além disso, a antiga diretora provavelmente vai seguir na mesma linha de implantação do SL em mais um banco nacional. Além da infra-estrutura de servidores, eles estão com o projeto adiantado de substituição de MS-Office pelo BrOffice já 2 anos. E tem gente que diz que o BrOffice não está pronto para ser utilizado profissionalmente...

Entretanto, mesmo com todo o investimento em software livre feito pelo governo, proporcionalmente o Brasil ainda está engatinhando no desenvolvimento e migração de software livre. É o que mostra o estudo feito pela Red Hat em conjunto com uma universidade americana. Proporcionalmente, quem mais investe em software livre é a França e a Espanha!

Ou seja, mãos a obra pessoal que a gente ainda tem muito chão pela frente para implantar o mundo livre neste Brasilzão!

17 de maio de 2009

Como implantar o OpenOffice nas empresas

Uau!!! Em meu último post, tive mais de 13 comentários: pelo visto a guerra dos Offices interessa a muita gente e trouxe uma discussão acalorada pela primeira vez no meu humilde Blog.

Por conta disso, resolvi explicar um pouco melhor como acredito que se deva implantar o OpenOffice nas empresas e dar algumas dicas para o implantador.

Implanto sistemas a 22 anos e posso garantir que o OpenOffice deve ser implantando da mesma forma que qualquer outro sistema de informação: paulatinamente, aos poucos e principalmente com a participação e interação constante de quem vai usar o sistema, o chamado "usuário".

A princípio, este termo "usuário" já é complicado: geralmente é usado para pessoas que usam computadores, transporte de massa e drogas ilícitas... Ou seja, só coisa ruim :) Ninguém fala: usuário de vinho, ou usuário de chocolate. Mas como a indústria usa o termo, vamos seguir...

Se a empresa já utiliza o MS-Office, a pior alternativa para o Integrador ou Analista de Sistema é fazer um "Big Bang", ou seja, retirar o MS-Office e colocar o OpenOffice. Qualquer Big Bang é traumático e traz uma antipatia completa dos usuários. Big Bang é prática de implantador de SAP que empurra goela abaixo do usuário uma solução que quase sempre não é aprovada por quem vai efetivamente utilizar o sistema.

A melhor forma de introduzir o OpenOffice em empresas é manter o Office nos micros que já tem a licença e instalar o OpenOffice para que os usuários possam conhecer a ferramenta e descobrir que ele é "quase igual" ao MS-Office. Como qualquer ferramenta, ele deve ser experimentado e manuseado para que o usuário passe a usá-lo.

Antes de iniciar, vale aqui contextualizar as dicas: o meu foco são PME - pequenas e médias empresas. Grandes empresas ainda não estão interessadas simplesmente porque um 500.00 reais é pouco dinheiro no orçamento delas.

Quem se preocupa com licenças é a pequena empresa pois o preço de 10 licenças de Office equivale ao preço de uma máquina. Se não tem jeito, ele compra mas se tem alternativa viável, ele vai testar esta alternativa.

Dicas de Implantação

1) Instale o OpenOffice em todas as máquinas da empresa. Com isso, todos poderão abrir arquivos ODF. Sabe aquela máquina com Windows 98 que ainda está com Office XP ? O usuário vai adorar receber um software com novos recursos!

2) O ideal é sempre fazer um treinamento formal, nem que seja de 2 horas mas se a empresa não dispõe de recursos para tal, dê 3 dicas matadoras para os usuários quando for instalar a máquina:
  • A geração de PDF para enviar documentos por email sem permitir que o destinatário possa alterar o documento. Muito útil para contratos e propostas.
  • Corretor ortográfico com as novas regras gramaticais
  • Permitir abrir qualquer tipo de planilha ou documento de texto, inclusive aqueles que chegam via email e que ele não consegue abrir.
  • Sugira que ele instale em casa. Explique que ele é grátis e menos sujeito a vírus. Passe o link do site do BrOffice.
3) Caso um usuário diga que o MS-Office é necessário, peça que ele escreva um email explicando a sua necessidade para justificar a compra da licença. Na minha experiência, na maioria das vezes ele não escreve nada porque não consegue identificar um motivo claro e objetivo. Mas em alguns casos, ele pode ter uma real necessidade do MS-Office por ter documentos complexos (com macros por exemplo) que necessitem exclusivamente do MS-Office.

4) Crie uma cultura de só armazenar documentos internos em ODF. Explique aos usuários que é um formato que poderá ser utilizado por todos e sem possibilidade de ficar incompatível a longo prazo.

5) Crie um canal de comunicação para que os usuários possam enviar documentos que tenham tido problemas de compatibilidade. Se um usuário tiver muitos problemas, não pestaneje: compre uma licença de Office para ele. Geralmente são os chamados "Power users" que identificam estes problemas e eles são os primeiros a falar mal do OpenOffice caso não sejam atendidos.

Os problemas de compatibilidade realmente existe para documentos complexos mas a questão é: quantos usuários nas empresas utilizam documentos complexos ? Quantos usuários utilizam planilhas com macros por exemplo ? Conta-se nos dedos...

A partir dessa estatística, você começa a perceber o desperdício de compra de licenças de MS-Office sem que a empresa tenha avaliado a real necessidade da ferramenta. Na maior implantação de OpenOffice da qual participei, das 40 máquinas, só 6 tinham necessidade real de utilizar o MS-Office por questões de compatibilidade. Nenhum caso foi encontrado por questões de funcionalidade, ou seja, de funções que existiam no MS-Office e não podiam ser encontradas no OpenOffice.

Você sabe que a implantação é um sucesso quando aquele usuário que antes reclamava do OpenOffice, agora está pedindo um upgrade do OpenOffice porque ele já está usando a versão 3.1 em casa e na do escritório ainda está 2.4...

9 de maio de 2009

A guerra dos Offices está apenas começando

Uma das minhas tarefas profissionais é estudar a viabilidade do OpenOffice nas empresas e como tornar a migração do MS-Office para o OpenOffice o menos traumática possível para o usuário. A idéia central é sempre conquistar o usuário para que ele perceba que as diferenças entre o MS-Office e o OpenOffice não compensam o preço de uma licença de R$1.000 por máquina e que o OpenOffice tem vantagens competitivas muito interessantes.

Nos últimos três meses, diversas notícias tem me chamado a atenção e comprovam que a guerra dos Offices está apenas começando e achei interessante compartilhar este recorte com a comunidade.

A primeira é uma notícia antiga mas só agora pude testá-la: foi a implementação do Vero - que é o verificador ortográfico do BrOffice (versão OpenOffice brasileira). O Vero já incorpora o acordo ortográfico da língua portuguesa e está azeitado - funcionou muito bem comigo. Enquanto isso, a Microsoft já declarou que só lançará uma versão do corretor com a nova norma em 2011!!!

Por conta disso, tenho um cliente que já baixou uma norma na empresa que qualquer documento externo deve ser corrigido pelo OpenOffice antes de ser enviado para os clientes. Ou seja, apesar de grande parte da empresa ainda utilizar MS-Office, eles estão incorporando o OpenOffice na rotina diária da empresa e os poucos micros que ainda não tinham OpenOffice, tiveram a suite instalada. Se você quer aprender a instalar o corretor, veja aqui

O que os usuários podem começar a pensar? Por que eu vou usar o MS-Office se eu posso utilizar direto o OpenOffice?

Uma outra grande vantagem de se utilizar o OpenOffice: ele abre arquivos no formato DOCX e XLSX! Aí você pode indagar: ué, o MS-Office obviamente também faz isso!!! Eu vou responder: não caro amigo! Somente o MS-Office 2007 faz isso. Se o parque de computadores da sua empresa for heterogêneo, com várias versões do MS-Office, as versões mais antigas não conseguirão abrir!

Me diga se isso já não acontece na sua empresa: um usuário recebe uma planilha em XLSX via email e tem que pedir para o amigo do lado converter ou então pedir ao fornecedor que envie no formato XLS. É uma perda de tempo, concorda ? Enfim, é uma torre de Babel!!

Dicas de como solucionar este problema:

Solução 1: Utilize o OpenOffice 3! Ele abre todos os tipos de arquivo: ODS (nativo do OpenOffice), XLS (versões anteriores do MS-Office) e XLSX (Somente MS-Office 2007). Essa é mais uma razão que faz com que os departamentos de TI estejam se movimentando para instalar o OpenOffice em conjunto com o MS-Office.

Solução 2: Faça o upgrade de todas as máquinas. Dê essa sugestão para o seu chefe ou para o financeiro da sua empresa, eles vão adorar :)

Solução 3: Aplicar o novo patch da Microsoft para ler XLSX através do MS-Office 2003. Por conta da reclamação dos usuários e da solução OpenOffice, Redmont foi obrigado a lançar um patch para que este pudesse ler os novos formatos. Na verdade, ela relutou muito em lançar este patch pois queria, como sempre, forçar o upgrade para versão 2007. Como as empresas não estavam fazendo o upgrade, ainda mais por conta da crise, ela teve que lançar o patch...

Penúltima notícia do front: a Microsoft lançou um patch para que o ODF pudesse ser lido! Ou seja, apesar da alegação constante de que somente uns gatos pingados usam OpenOffice, eles tiveram que lançar o patch. É um sinal que tem muita gente reclamando, concordam?

Mas eles não iriam capitular assim tão fácil: o que parecia ser uma solução para usuários, se tornou mais um capítulo para esta guerra. Os conversores para ODF vieram com defeito e a Microsoft não quer consertar. Não se pode garantir essa conclusão, mas não fica parecendo que eles lançaram o patch apenas para denegrir a imagem do ODF, lançando a idéia de que ele é instável... É a velha tática FUD tão utilizada pela Microsoft.

Como eu disse no título: a guerra está apenas no início e como em toda guerra, as primeiras baixas são sempre a verdade e os inocentes usuários...

Links:
Como instalar o BrOffice
Como instalar o Vero