20 de janeiro de 2006

10 regras para namorar a minha filha.



O nome do blog é fronteira digital mas, até agora, não tive muita motivação para escrever muito sobre o digital. Talvez por estar fechando um projeto bem estressante, os meus interesses quando chego em casa estão bem distantes dessa fronteira digital. Como tenho tido sentimentos estranhos, um tanto selvagens sobre acontecimentos recentes com as minhas filhas, seguem algumas regras para quem pretende namorar a minha filha - já as estou divulgando hoje para que elas sirvam para os próximos 10 anos!

Regra 1:
Se você estacionar perto da minha casa e buzinar, é bom que esteja entregando alguma encomenda porque você pode estar certo que nada irá sair da minha casa para entrar no seu carro.

Regra 2:
Não toque na minha filha na minha frente. Você pode até olhá-la contanto que não seja para nenhuma parte do corpo abaixo do pescoço. Se você não puder conter os seus olhos e mãos, eu terei que removê-las.

Regra 3:
Eu estou ciente que é fashion para garotos de sua idade vestir calças frouxas que parecem que vão cair do quadril. Por favor, não entenda isso como um insulto, mas vocês e seus amigos são uns idiotas. Como eu quero tentar ser justo e ter a mente aberta sobre esta questão, eu proponho um trato: você pode entrar na minha casa com a sua cueca aparecendo e com a sua calça 10 vezes maior que o seu número que eu não vou me importar. Entretanto, para ter certeza que a sua calça realmente não vai cair, eu irei colocar um fio elétrico energizado como cinto.

Regra 4:
Eu tenho certeza que você já aprendeu que, nos dias de hoje, sexo sem o uso de "proteção" de algum tipo pode matar você. Então deixe-me esclarecer que, em matéria de sexo, eu sou a "proteção" e eu irei MATAR você.

Regra 5:
Você deve achar que, para que possamos nos conhecer melhor, nós devemos conversar sobre esportes, política e outros assuntos do dia a dia. Por favor, não faça isso. A única informação quero de você é a que horas você irá trazer minha filha de volta para casa em segurança, e a única frase que você irá ouvir de mim sobre esse assunto é "mais cedo".

Regra 6:
Eu não tenho dúvida de que você é um cara popular, com muitas oportunidades de flertar com outras garotas. Por mim está tudo bem, contanto que a minha filha concorde. Caso contrário, uma vez que você esteja com a minha filha, você não irá se enrabichar com nenhuma outra até que a minha filha termine com você. Se ela chorar, você também vai chorar.

Regra 7:
Se você estiver na minha casa, esperando minha filha se aprontar por mais de uma hora, não se exaspere nem demonstre ansiedade. Se você quisesse chegar na hora no cinema, você não deveria estar namorando. Minha filha está colocando sua maquiagem, um processo que pode demorar mais que pintura da ponte Rio Niterói. Ao invés de ficar sentado esperando, por que você não faz algo de útil como lavar o meu carro ?

Regra 8:
Os seguintes lugares não são apropriados para namorar a minha filha: lugares onde existem camas, sofás, ou qualquer coisa mais macia que um banco de madeira. Lugares onde não tenham pais, policiais ou freiras tomando conta. Lugares que sejam escuros. Lugares onde se dance com mãos dadas e sejam alegres. Lugares quentes o bastante que façam a minha filha ter que usar pequenos shorts, tops, ou qualquer coisa diferente de um casaco ou uma jaqueta do exército (fechada até o pescoço). Filmes muito românticos ou com temas sexuais têm que ser evitados. Jogos de vôlei são uma boa pedida. A casa dos avós (com eles presentes) é sempre uma boa opção.

Regra 9:
Não minta para mim. Eu posso parecer que sou velho e antiquado. Mas em relação à minha filha, eu sou onipresente e deus do seu universo. Se eu perguntar onde vocês vão e com quem, você não tem a menor chance de não me dizer a verdade, a pura verdade e nada mais que a verdade. Eu tenho uma arma, uma pá e um quintal atrás da casa onde posso enterrar até duas pessoas. Não mexa comigo.

Regra 10:
Tenha medo. Tenha muito medo. Eu vejo muitos filmes de guerra e a qualquer momento, eu posso me imaginar no meio da Segunda Guerra Mundial e pensar que o seu carro é um tanque nazista. Sempre que eu escuto um motor à noite, uma voz me diz para eu limpar as armas, geralmente enquanto eu espero você trazer a minha filha para casa. Assim que você chegar, saia imediatamente do carro com as duas mãos à vista. Anuncie a senha e também diga em voz alta que trouxe minha filha são e salva e mais cedo do que combinamos. Volte ao seu carro imediatamente pois não existe nenhuma razão para que você entre na minha casa com ela. Se você se assuntar com alguém atrás das folhagens da garagem, pode ficar com medo pois pode ser eu com uma roupa de camuflagem.

Tenha um bom dia!

PS: Estas brilhantes regras foram escritas por Jack Yoest e adaptadas para a minha realidade já que eu nunca frequentei o exército como ele. Mas eu posso me esqueçer que sou a favor do desarmamento e aprender a usar uma arma com bastante rapidez, caso haja necessidade :)

6 de janeiro de 2006

Descaso Completo

Uma foto essa semana me marcou profundamente. Foi publicada no jornal "O Globo" em função de uma matéria sobre a população de rua que vive na Zona Sul. A foto é marcante:


Mostra o total descaso meu, seu, nosso do que acontece na nossa cidade e no nosso país. E o pior é que a reportagem fala apenas dos problemas que a mendicância traz ao turismo, como se a população de rua fossem a gigoga do calçadão.

Eu acredito que daqui a cem anos, os nossos descendentes irão se perguntar como era possível a sociedade conviver com este tipo de abandono, da mesma forma que perguntamos hoje como os nossos ancestrais conviviam com a escravidão.

Uma outra manifestação artística que resume bem o nosso descaso é a música muito interessante me chegou por email. Sintetiza, com maestria, a hipocrisia e o descaso da classe média da sociedade dita "desenvolvida". A música é de Max Gonzaga e foi uma das semi-finalistas do festival da canção da TV Cultura de 2005. Que aliás foi muito bom.

2 de janeiro de 2006

Porque os projetos open-source não são anunciados na mídia?

Uma das minhas paixões e lutas constantes é pelo uso de software livre (SL) em todo o universo. Acredito piamente que o uso de SL poderá trazer inúmeros benefícios para a sociedade não só pelo seu aspecto libertário como também pelo aspecto educacional.

Em Novembro de 2005, participei da II Seminário Nacional de Tecnologia da Informação e da Comunicação na Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro. É um evento voltado para a governança em TI e sobre estratégias do uso de TI nas empresas.

O evento foi de altíssimo nível e contou com a participação de altos executivos e gerentes de TIs do governo e do meio acadêmico e os palestrantes foram em sua grande maioria muito bons.

Uma das palestras que não pude perder foi sobre "Decisão Estratégica: Windows x Linux". Foram 4 palestrantes: o Coronel Carlos Gil do Exército Brasileiro, Ulisses Pena do Banco do Brasil, José Borba Soares do Ministério do Planejamento e o Prof. e advogado Carlos Pereira da FGV.

Fiquem impressionado com as metas e projetos baseados em software livre que estão sendo feitas nas três entidades, principalmente no Banco do Brasil. O projeto do Exército é bem ambicioso, pois pretende estar rodando apenas software livre em até 95% de suas instalações. O Coronel Gil foi brilhante na sua explanação e se mostrou conhecedor da questão entre software livre e proprietário. Foi muito bem ao conseguir habilmente dar a palestra sem citar o nome de nenhuma empresa - só se referia a uma determinada empresa como "a monopolista" :)

O Banco do Brasil também impressionou: já iniciou a substituição de todos terminais de atendimento para Linux e sua meta e expurgar o MS-Office de todas as estações, mesmo as que permanecerem com Windows. O que mais me impressionou na palestra do BB foi a preocupação que eles tem em contribuir com código e documentação para a comunidade. Eles contribuem com o Squid e com o Help do OpenOffice!

Ficou claro que a direção de TI do BB entendeu muito bem que a maior força do SL está na participação dos usuários na contribuição e não apenas no uso. Quando a empresa ou indivíduo entra com a mentalidade apenas de usar e abusar do SL sem dar contribuições financeiras, em código ou em documentação, segue o mesmo raciocínio que o Tio Bill, buscando o máximo de lucro, oferecendo o mínimo possível para a comunidade.

O advogado e professor da FGV também foi muito bom, fez uma explanação simples e clara dos aspectos jurídicos do uso de SL e disponibilizou a apresentação com a licença CC (Creative Common)!

Entretanto, o que me chamou a atenção mesmo foi: porque esses projetos não estão aparecendo na grande mídia de TI tupiniquim? Porque a InfoExame, por exemplo, dá mais valor a troca do diretor de TI da empresa X e Y, dá a notícia desses utilitários sem expressão mas não mostra iniciativas como essas?? Coisas da Editora Abril...

Nessa mesma semana, me deparei com um artigo muito bom da ZdNet que acho que responde a minha questão. Eles explicam que a Microsoft e outras empresas afins estão fazendo muita pressão com as empresas que visam o software livre e fazem de tudo para acabar com o projeto em andamento, até mesmo procurando descobrir quem é o mentor do projeto e tentar demití-lo!!!

Quem quiser dar uma olhada no artigo, veja em:

Why open source projects are not publicised

Eles estão jogando pesado por exemplo com o Dept. de TI de Boston (que buscava apenas softwares com padrão aberto) e finalmente esta semana o diretor foi exonerado após uma campanha difamatória feita pelo Boston Globe.

Da mesma forma, a prefeitura de Munique, que está substituindo todas as estações pela distribuição Linux Debian, está sofrendo ataques constantes da mídia que só começou a divulgar o projeto quando ele atrasou...

Aqui no Brasil, o jogo já está pesado também: um amigo bem chegado me testemunhou que sofreu ameaças de uma multinacional do ramo de ferramentas de desenvolvimento por ele estar falando bem do software livre em listas de discussões. Enviaram uma notificação para a empresa dele, dizendo que ele estava usando software pirata!! E o pior é que a empresa dele nem computador tem e na casa dele só roda Linux!!! Ele prometeu que irá usar o dinheiro da ação cívil que ganhará na justiça contra a empresa para doar a projetos de software livre.

Outro caso interessante foi citado pelo Clóvis, um colega do site VivaoLinux. Disse que, em novembro de 2005, houve também o lançamento do Mandriva 2006 em um hotel proximo a região da Av. Paulista e a presença da imprensa foi nula. Nenhuma nota na Folha de São Paulo ou em nenhum outra publicação especializada. Lá estavam o gerente de TI das Casas Bahia (onde 100% do sistema é linux), o responsavel pela Conectiva no Brasil, uns dos cabeças da Mandriva da França, um representante da HP se não me engano da California, entre outros muitos empresários e gerentes de TI de grandes empresas...

Enfim, o objetivo do post foi divulgar os inúmeros projetos que o governo está realizando com software livre e convocar a todos que divulguem seus casos de sucesso para que os empresários se sintam motivados em experimentar o software livre.

Saúde e Liberdade e até a próxima!